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MPC-AM e TCE-AM realizam roda de conversa em alusão ao Agosto Lilás

 

Ocorreu, nesta quarta-feira (17), roda de conversa com a temática ‘Violência Contra Mulher – os desafios do enfrentamento’ proposta pelo Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM), no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM). Estiveram presentes a procuradora-geral de Registro (SP), Gabriela Samadello e a advogada Cynthia Rocha Mendonça. O evento ocorreu em alusão ao Agosto Lilás, mês de conscientização sobre a violência contra a mulher.

Na ocasião, Cynthia Mendonça, que é mestre em segurança pública, cidadania e direitos humanos, além de fazer parte da Comissão da Mulher Advogada da OAB, seccional Amazonas, compartilhou informações e dados relacionados à Lei Maria da Penha, criada em 7 de agosto de 2006 no Brasil. 

Em seguida, a procuradora-geral Gabriela Samadello relatou sobre a agressão que sofreu no mês de junho desse ano, dentro da Prefeitura de Registro, por parte do colega de trabalho e também procurador Demétrius Oliveira Macedo expondo, ainda, sobre a importância da mulher não se calar e agir em face de qualquer tipo de violência cometida contra ela.

 

Procuradora-geral em exercício participa de lançamento da I Corrida das Escolas Judiciais do Amazonas

Na manhã desta quarta-feira, 10, representando o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), a procuradora-geral em exercício do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM), Elissandra Monteiro Freire Alvares, esteve presente no evento de lançamento da I Corrida das Escolas Judiciais do Estado do Amazonas e da Marcha Contra o Trabalho Infantil, que ocorreu na Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região.

O tema da iniciativa é #inclusãosim (Viva, Seja, Sinta) e tem como objetivo estimular a sociedade amazonense à prática de esportes, bem como promover ampla divulgação sobre a importância da causa.

A corrida será realizada no dia 11 de setembro de 2022, com largada às 6h30, na Avenida das Torres. Com percursos de 5km e 10km, a ação contará com a participação de várias Escolas Judiciais do estado e será apoiada por diversos patrocinadores.

Em reunião, MPC-AM e TCU-AM tratam de temas referentes à Rede de Controle do Estado

Nesta quarta-feira, 3, a procuradora-geral do Ministério Público de Contas do Amazonas (MPC-AM), Fernanda Cantanhede Veiga Mendonça, esteve em reunião com a secretária do Tribunal de Contas da União do Estado do Amazonas (TCU-AM), Glenda Grando de Meira Menezes, para tratar de temas relevantes em relação à Rede de Controle da Gestão Pública do Estado do Amazonas.

Ambos os órgãos, MPC-AM e TCU-AM, fazem parte da Rede de Controle que foi criada a partir de Acordo de Cooperação Técnica firmado no ano de 2009.

A constituição da rede representa um esforço estratégico entre instituições e órgãos públicos do Amazonas para a prática de medidas uniformes direcionadas à priorização da identificação e do combate à corrupção, do fomento e reforço ao controle social, do compartilhamento ágil e eficiente de dados e documentos, do intercâmbio de experiências e da capacitação de seus quadros.

O papel das mulheres na sociedade brasileira é da conta do Ministério Público de Contas

As mulheres são maioria no funcionalismo público e,em geral, elas possuem mais qualificação acadêmica que eles – cerca de 17% das mulheres possuem curso superior completo, contra 13,5% dos homens (IBGE, 2016). Apesar de serem maioria e de terem mais qualificação, elas ocupam menos vagas de liderança (cerca de 37,8% das posições) e recebem, em média, salários menores. Enquanto as servidoras públicas recebem, em média, 3,9 salários mínimos por mês, os servidores homens recebem 5,2 salários mínimos por mês.

Esses dados retratam a desigualdade de gênero no serviço público brasileiro e tem levado o Ministério Público de Contas a dar mais atenção ao tema. O papel da mulher na sociedade brasileira é assunto que permeia todos os órgãos públicos e com o MPC não seria diferente. Durante o XIV Congresso Nacional do Ministério Público de Contas, ocorrido em 2021, a Associação Nacional do Ministério Público de Contas (AMPCON) e o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais de Contas (CNPGC) abriram um debate sobre a atuação do MPC brasileiro nos próximos anos, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU, dentro da Agenda 2030. Um desses objetivos, o de número 05, propõe alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.

Pautados por este objetivo, os MPCs têm analisado as políticas públicas e os projetos voltados à igualdade de gênero, bem como o investimento público destinado a alcançar essa meta nos Estados e municípios brasileiros. De uma forma geral, percebe-se uma fragilidade na articulação e interlocução entre os serviços oferecidos pelo poder público, baixos investimentos em políticas públicas voltadas ao tema e ações incipientes para educação e mudança cultural. Além disso, há poucas informações oficiais e estruturadas sobre o tema, o que impede um planejamento adequado e soluções efetivas. 

 

O cenário do funcionalismo público

 

No serviço público, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) consolidou um estudo sobre o perfil dos servidores e as mudanças ao longo de 30 anos (1986 -2017). O Atlas do Estado Brasileiro traz os dados sobre concursos, contratações, promoções, salários e funções. Na administração pública federal, por exemplo, observa-se que quanto mais alto o cargo atribuído, maior o nível decisório associado ao posto de trabalho e menor a participação feminina. Assim, em 2014, as mulheres ocupavam 45% das funções do tipo DAS (direção e assessoramento superior) 1, mas apenas 28% e 19% dos cargos DAS 5 e 6, respectivamente.

Uma das explicações sociológicas para essa discrepância é o chamado estereótipo de gênero, que pode ser definido como a generalização de um grupo de pessoas, por meio da qual certos traços são atribuídos a praticamente todos os membros, sem se considerar a real variação entre eles. A partir dos estereótipos, criamos generalizações para mulheres e homens. 

O problema é que os estereótipos podem não refletir a verdade e, muitas vezes, são construídos culturalmente, ao longo do tempo. Um exemplo é o estereótipo da mulher cuidadora e do homem dominante, racional e competitivo. Essas generalizações são tão fortes que acabam influenciando o mercado de trabalho. Na prática, observamos mais mulheres ocupando postos de trabalho voltados ao atendimento de crianças e idosos e mais homens ocupando postos de liderança, por exemplo. São os chamados guetos ocupacionais.

No Brasil, de acordo com os dados do INEP, cerca de 70% dos concluintes dos cursos nas áreas de educação, saúde e bem-estar social, nos anos de 2001 e 2007, eram mulheres. Por outro lado, cerca de 70% daqueles que concluíram cursos na área de engenharia, produção e construção, no mesmo período, eram homens.

Pesquisas demonstram que, na verdade, o que ocorre é um processo de naturalização de atributos socialmente construídos, que está relacionado à percepção de que dadas características devem ser vistas como essenciais. Ou seja, essencializa-se uma determinada característica, que é construída socialmente, mas que passa a ser vista como “natural” e por isso intransponível. Em questionários aplicados a servidores públicos de diferentes idades, os homens são descritos como ‘independentes, dominantes, competentes, racionais, competitivos, assertivos e estáveis para lidar em momentos de crise’, enquanto as mulheres são caracterizadas como ‘mais emocionais, sensíveis, expressivas, gentis, prestativas e pacientes’.

Essas percepções generalizadas sobre o comportamento masculino e feminino levam, ainda, à segregação organizacional hierárquica, também chamada de “afunilamento” ou de “teto de vidro”. Ocorre quando em uma mesma profissão, com as mesmas qualificações, mulheres e homens alcançam posições diferentes na hierarquia organizacional. De acordo com o senso comum, mulheres nos cargos executivos seriam guiadas por sentimentos e intuições, enquanto os homens possuiriam comportamento mais racional e agressivo. As mulheres desempenhariam lideranças diferentes – menos coercitivas, mais favoráveis ao trabalho em equipe; além disso, possuiriam relacionamentos mais fortes no trabalho. Por essa crença, as mulheres seriam menos capazes de liderar, pois elas teriam mais dificuldade em usar a autoridade. O “teto de vidro” também está relacionado à maternidade e paternidade. Enquanto a fertilidade das mulheres é vista como um risco para as organizações, frequentemente, o casamento de um homem é visto como marca de estabilidade. 

As representações sociais – os estereótipos – sobre as mulheres e sobre os homens estão na raiz das diferentes avaliações sobre o trabalho feminino e masculino. Eles moldam a forma como as capacidades, as habilidades, as limitações e os lugares sociais de mulheres e homens são percebidos, julgados e atribuídos.